O calendário de 2023 é o maior da história até agora, onde os pilotos da F1 terão que se virar para conseguir bons pontos em uma rotina muito cansativa.
Porém, antes de chegar a cada corrida, é importante relembrar que, se dentro das pistas o ano de 2022 não foi tão agitado, fora delas foi uma verdadeira novela.
Portanto vamos capítulo por capítulo, para tentar capturar uma visão geral do que houve.
Prólogo
Tudo se inicia dia 28 de Julho de 2022, com Sebastian Vettel se aposentando. O piloto da Aston Martin não conseguiu bons resultados com a equipe inglesa que foi recentemente renovada por Lawrence Stroll, e com 35 anos resolveu priorizar sua família.
Dessa forma, se abre a primeira vaga no grid, e as especulações começam de quem ocupará o lugar de Vettel para ser parceiro de Lance Stroll, filho do dono da equipe que tem seu lugar garantido por tempo indefinido.
Fernando Alonso X Alpine
Não se sabe exatamente ao certo como funcionam os acordos entre pilotos da F1 e as equipes. Mas aparentemente as negociações entre a Alpine e o bicampeão Fernando Alonso não iam muito bem. Alonso busca permanecer na categoria mesmo após os 41 anos de idade, o que parece ser um empecilho para as equipes.
No meio das conversas, a Aston Martin anuncia no dia 1 de Agosto que Fernando Alonso ficaria com seu lugar vago, deixando a Alpine de mãos abanando.
A equipe francesa prontamente anuncia a promoção de seu jovem piloto reserva e promessa do futuro da F1 Oscar Piastri como já confirmado para o grid de 2023 ao lado de Esteban Ocon no dia seguinte. Tudo corria bem, não fosse por um detalhe…
Pintou um climão
Apenas duas horas depois do anúncio da Alpine, Oscar Piastri posta a seguinte frase na sua rede social:
“Eu entendo que, sem minha autorização, a equipe de F1 Alpine emitiu um comunicado que eu estaria pilotando com eles no próximo ano. Essa informação está incorreta e eu não assinei contrato algum com a Alpine para 2023. Eu não pilotarei na Alpine no próximo ano”
É possível imaginar o clima que se instaurou entre os diretores, chefes de equipe e pilotos da F1 após esse comunicado.
A partir do dia 5 de Agosto, os olhos se recaem para Daniel Ricciardo. O piloto australiano da McLaren chegou como um grande nome para servir de “irmão mais velho” para Lando Norris, menos experiente mas visto como promessa. Ricciardo teve o seu auge na Red Bull, fazendo dupla com Vettel e mais tarde com Verstappen, mas desde então não conseguiu bons resultados. Na McLaren então, acabou decepcionando, se classificando mal e lutando para conseguir pontos.
Dessa forma, parecia claro que Piastri correria na McLaren, mas será que a equipe inglesa estaria disposta a dispensar Daniel Ricciardo? O contrato do piloto se encerraria apenas no final no próximo ano, isso envolveria uma multa muito grande, perda de patrocínios e mancharia a imagem da própria McLaren. Afinal, a equipe abriria mão de um dos pilotos mais carismáticos do grid.
Os rumores ficam mais concretos
Sendo assim, com tantos rumores com discursos similares aparecendo de diferentes fontes, aparecem suspeitas de que a McLaren e a Alpine estariam se reunindo com advogados e os conselhos responsáveis para confrontar os contratos que ambas equipes teriam feito com o piloto Oscar Piastri. Dessa forma poderiam discutir a “guarda” do jovem piloto e cada parte receber o que seria justo financeiramente.
No dia 24 de Agosto a McLaren finalmente anuncia um acordo entre a equipe e Daniel Ricciardo, onde o seu contrato seria encerrado antes do previsto. Dessa forma, a porta estaria definitivamente aberta para Oscar Piastri ou quaisquer pilotos de f1 que a equipe quisesse buscar.
A Alpine precisaria dar um jeito
Quando a Alpine anuncia Piastri quase que 24h depois da saída de Alonso, a equipe se debruçou sobre uma parte do contrato de piloto reserva que o deixava pronto para assumir a vaga em uma situação especial. Por isso resolveu buscar nos conselhos o reconhecimento desse trecho. Contudo, isso valeria apenas em um prazo definido onde o piloto teria isso válido desde que não se assinasse com mais ninguém. Dessa forma, hoje se sabe que a McLaren escolheu o dia e a hora exata para assinar um novo contrato e permanecer dentro da regra.
No dia 2 de Setembro, é noticiado que a McLaren ganhou o caso da “guarda” de Oscar Piastri contra a Alpine. Em questão de minutos após a notícia, a equipe inglesa confirma nas suas redes que Piastri será dupla de Lando Norris para 2023.
Agora, a Alpine se vê sem seu principal piloto e sem seu principal reserva para 2023. Oscar Piastri foi duramente criticado por Otmar Szafnauer. O chefe da Alpine que disse com todas as letras que esperava mais honestidade da parte de Piastri, uma vez que ele foi motivo de grande investimento da equipe francesa.
Une équipe française?
Uma equipe totalmente francesa? Não que isso seja um sonho, mas a francesa Alpine já contava com o francês Esteban Ocon. Esse jovem piloto conseguiu sua primeira vitória em 2021, dando um orgulho enorme para o seu país. Quem também é um jovem piloto francês e conseguiu encher a França de alegria foi Pierre Gasly, que ganhou em Monza em 2020 com a – tão improvável equipe quanto a Alpine – Scuderia Alpha Tauri, tida como equipe B da Red Bull Racing.
Porém, Gasly também tinha um contrato definido na Alpha Tauri até o final de 2023, aí seria necessária mais uma quebra de contrato antecipada. Como é de se imaginar, isso custa muito.
Para a surpresa de todos os pilotos de F1 do grid, bem como seus diretores – e principalmente Otmar Szafnauer – o conselheiro chefão da Red Bull, Helmut Marko faz algumas declarações dizendo que não vão se colocar no caminho entre a Alpine e Pierre Gasly.
Existia uma pedra no meio da pista
Com Marko abrindo as portas para a saída de Gasly, a RBR começa a procurar um substituto para o piloto francês e encontra Colton Herta na Fórmula Indy. Mas nada é tão simples quanto parece. Existe um sistema rígido de pontos entre as categorias reconhecidas pela FIA para se qualificar para a F1. O intuito do sistema de pontos é beneficiar os jovens pilotos que começam sua carreira pela F4, passam pela F3, F2 e F1. Sendo assim, vindo da Indy, Herta não possuía os pontos necessários.
Sem um substituto imediato para Pierre Gasly, as negociações entre as equipes acabam esfriando.
O apêndice mágico de Alexander Albon
No segundo fim de semana de Setembro, o carismático piloto tailandês Alexander Albon da Williams sofre de uma apendicite. Dessa forma ele precisa de cirurgia imediata e fica de fora do GP de Monza.
Naturalmente, a Williams tendo relação com a Mercedes, recorre a Nyck de Vries para substituir Albon. De Vries é um piloto holandês que veio da academia da Mercedes e chegou a ser campeão da F2 em 2019. Contudo, ainda nunca tinha estreado em uma corrida da F1. Apenas teve algumas participações em testes e do dia pra noite acabou no cockpit da Williams para correr em Monza.
Dessa forma, na sua primeira corrida entre os pilotos da F1, Nyck acaba fazendo uma excelente prova, conseguindo pontos importantes para Williams. Tudo isso sem o mesmo preparo que um piloto titular, e praticamente sem testar o carro anteriormente.
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O excelente desempenho e a prontidão de de Vries acaba chamando a atenção dos diretores da RBR, que após a frustração com Herta, veem um bom nome para o lugar de Gasly.
Surpreendentemente, no dia 19 de Setembro, poucos dias após a corrida em Monza, Nyck admite que teve algumas conversas com a Alpha Tauri.
No Japão a gente resolve
No mesmo fim de semana que Max Verstappen está a um passo de garantir seu bicampeonato, uma série de anúncios acaba resolvendo a novela. A Alpine anuncia Pierre Gasly na equipe em um contrato longo, se tornando uma equipe francesa com dois pilotos franceses.
Um pouco mais tarde, Nyck de Vries é anunciado na Alpha Tauri no lugar do francês. Tudo isso, no dia 8 de Outubro.
Enquanto isso, lá no fundo do grid…
Mick Schumacher, filho do lendário heptacampeão Michael Schumacher está com o seu lugar em jogo. Os chefes de equipe da Haas alegam que o jovem alemão é caro demais de se manter, com acidentes recorrentes e poucos resultados.
É importante lembrar que no seu primeiro ano, Mick fez dupla com o russo Mazepin. Um piloto que já chegou com sua habilidade questionada e fez com que todas as críticas prévias tivessem fundamento. Dessa forma, sob a ótica dos diretores da Haas, Schumacher parecia um piloto estável e bem mais consistente.
Porém, a novela de 2022 começou antes da primeira corrida. Com a Rússia declarando guerra à Ucrânia, a F1 correu para se desvincular ao máximo do país de Mazepin. Com isso a Haas abruptamente o cortou da equipe.
Quem fez dupla com Mick no ano de 2022 foi Kevin Magnussen. Esse é antigo piloto da Haas que nunca foi um ás da pilotagem, mas era mais experiente. Assim, em perspectiva com um velho de guerra na mesma equipe, Mick acabou sendo ofuscado e teve o seu assento duramente questionado ao longo do ano.
É importante citar o GP do Brasil, onde devido a uma série de situações e principalmente por conta do mau tempo, Magnussen estava com o melhor tempo da classificação quando uma chuva forte começou após o acionamento de uma bandeira vermelha. Isso o colocou na pole position para a Sprint Race, enquanto Mick ficou com o pior tempo da classificação.
É claro que em condições normais a pole não seria possível, mas visualmente, provavelmente tenha afetado em muito a situação de Mick.
Os testes nos EUA
Sem qualquer delonga ou justificativa extra necessária, a Williams anuncia a saída de Nicholas Latifi. Piloto canadense famoso por se envolver em incidentes em quase toda corrida. E também sem fazer qualquer mistério diante dos outros pilotos da F1 ou da imprensa, coloca o americano Logan Sargeant para testar.
Já com o lugar praticamente garantido, a Williams deixa clara que o seus pilotos de 2023 serão Sargeant e Albon.
A Haas ainda deixa “no ar” sobre o lugar de Mick, mas rumores aparecem sobre Ricciardo e o veterano de 35 anos Nico Hülkenberg. Nico tem passagens pela Renault, Racing Point e atualmente era reserva da Aston Martin, participando de algumas corridas no início de 2022. Detalhe: Hülkenberg jamais conseguiu um pódio na sua carreira.
Para os EUA, a Haas escolhe Giovinazzi para testar. O piloto italiano é da academia da Ferrari, marca que faz os motores da Haas. Mas o seu teste acaba sendo um fracasso, batendo o carro com menos de meia hora de testes.
No dia 17 de Novembro, poucos dias após o GP do Brasil que citamos anteriormente, a Haas anuncia que Mick Schumacher não correrá pela Haas no próximo ano.
A dança final dos reservas
Compondo a última vaga restante do grid, Hülkenberg é confirmado na Haas no mesmo dia do anúncio da saída de Mick. Nico sai da reserva depois de três anos sem ter um lugar definitivo na F1.
Daniel Ricciardo recebeu muitas propostas, mas preferiu voltar para a Red Bull Racing como piloto reserva ocasional. Um cargo sem qualquer pressão, onde não viajaria para todas as corridas e teria mais responsabilidades publicitárias do que necessariamente relacionadas a F1.
A expectativa de Ricciardo, é que com um ano mais tranquilo ele possa se recuperar de sua passagem conturbada pela McLaren e voltar com mais força para um assento definitivo no próximo ano.
Mick Schumacher encontra um lugar na Mercedes, onde convidado por Toto Wolff é atraído pela chance de se desenvolver ainda mais como piloto. Fato é que a Mercedes foi a última equipe pela qual seu pai, Michael Schumacher correu antes de se aposentar em definitivo da F1.
Dessa forma, o grid ficou definido assim:
Pilotos da F1 para 2023 definidos? Hora de correr!
Agora que você entende todo o contexto dos pilotos para o grid de 2023, é hora de conferir o calendário para ver onde os principais embates devem acontecer!
CALENDÁRIO COMPLETO
Da F1 de 2023!
