O termo restomod nasceu da junção das palavras restauração e modificação, e descreve uma abordagem apaixonante para carros clássicos. A ideia não é apenas trazer um veículo de volta à sua forma original, mas ir além disso — melhorar.
Imagine pegar um Chevrolet Camaro 1969 ou um Ford Mustang Fastback dos anos 60 e dar a ele um motor moderno, freios ABS, direção elétrica, ar-condicionado digital e um painel multimídia com touchscreen. Parece um sonho? Pois é realidade para os amantes desse estilo.
Em vez de manter a fidelidade absoluta ao projeto original, o restomod propõe uma visão mais ousada: manter a essência visual do clássico, mas inserir conforto, segurança e desempenho que só a tecnologia atual oferece.
Como nasceu essa tendência automotiva?
O movimento restomod ganhou força especialmente nos Estados Unidos, berço dos muscle cars e dos lendários hot rods. Por lá, a cultura de customização sempre foi forte — e naturalmente evoluiu para algo mais sofisticado e funcional.

No início, os puristas torciam o nariz. Afinal, modificar um clássico era quase um sacrilégio. Mas o tempo mostrou que não se tratava de desrespeito à história, e sim de reverência com atualização. Assim, a ideia se espalhou mundo afora, chegando com força ao Brasil e à Europa.
E o mais interessante: não se trata de uma moda passageira. O restomod virou um nicho consolidado — com oficinas especializadas, leilões milionários e até montadoras investindo nesse estilo.
Por que o restomod conquistou tanta gente?

1. Nostalgia com conforto
Nada como ouvir o ronco de um V8 carburado. Mas… convenhamos: lidar com problemas elétricos, suspensão dura e falta de ar-condicionado não é tão romântico assim. O restomod entrega o melhor dos dois mundos — visual retrô e conforto atual.
2. Personalização e exclusividade
Cada projeto é único. Os proprietários escolhem detalhes do motor, cor da pintura, rodas, acabamento interno e até o som do escapamento. Não existem dois restomods iguais. É como vestir um terno feito sob medida — só que sobre rodas.
3. Dirigibilidade muito superior
Suspensão moderna, freios com ABS, direção precisa, câmbio atualizado… Um restomod pode facilmente dirigir melhor do que muitos carros 0 km, com o visual matador de décadas passadas.
O que pode ser modernizado em um restomod?
O céu é o limite — desde que a estrutura permita, quase tudo pode ser atualizado. Veja alguns dos principais elementos:
- Motor: substituído por blocos modernos, mais potentes e eficientes.
- Freios: instalação de discos ventilados, ABS e até controle eletrônico.
- Suspensão: sistemas ajustáveis, multilink e barras estabilizadoras.
- Interior: bancos esportivos, isolamento acústico, painéis digitais.
- Tecnologia: infotainment, câmeras de ré, sensores de estacionamento.
- Ar-condicionado: sistemas digitais e discretos, integrados ao visual original.
Ou seja, você pode ter um carro com cara de 1970, mas com comportamento e conforto de 2025.
Restomod x Restauração: entenda a diferença
Enquanto a restauração busca devolver um carro à sua configuração original — peças de época, pintura fiel, motor original —, o restomod permite ousar.

No restomod, não há apego a números de série ou componentes originais. O foco é estética clássica com mecânica atualizada. Isso significa mais liberdade para criar, e menos restrições na hora de inovar.
Quer exemplos?
- Um Chevelle SS 1970 com motor elétrico da Tesla.
- Um Porsche 911 clássico com suspensão ativa e controle de tração.
- Um VW Fusca 1968 com motor Subaru turbo.
Sim, é possível — e está acontecendo!
O crescimento do mercado e a entrada das montadoras
Percebendo o valor sentimental e financeiro dos restomods, algumas marcas decidiram entrar no jogo. Modelos como o Jaguar E-Type Zero — com propulsão elétrica — mostram que até as fabricantes tradicionais entenderam o apelo dessa combinação.

Além disso, oficinas renomadas como Singer Vehicle Design (Porsche) e Icon 4×4 (SUVs clássicos) elevaram o conceito a um novo patamar, com carros que chegam a custar mais de 500 mil dólares.
O resultado? O restomod deixou de ser apenas um projeto de garagem. Virou arte automotiva.
Restomod no Brasil: estamos nessa onda?
Sim, e com estilo! Oficinas especializadas têm ganhado destaque em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e outras cidades. Projetos envolvendo Opalas, Mavericks, DKWs e até Fuscas são cada vez mais comuns.

Apesar das peças modernas nem sempre estarem disponíveis localmente, a criatividade do brasileiro compensa. Importação, adaptação e soluções artesanais fazem parte da rotina — e o resultado final é, muitas vezes, impressionante.
Inclusive, já é possível ver restomods nacionais brilhando em eventos internacionais e sendo vendidos para colecionadores lá fora.
Quanto custa um restomod?
A resposta curta: depende — e muito. O custo vai variar conforme o modelo de base, o nível de personalização e os componentes utilizados.
Mas, para você ter uma ideia:
- Projetos simples (motor atualizado + freios + interior renovado): a partir de R$ 100 mil.
- Projetos completos, com peças importadas e acabamento premium: podem ultrapassar os R$ 500 mil.
Por isso, restomod não é apenas uma paixão. É também investimento, pois muitos desses carros valorizam com o tempo, especialmente quando bem executados.
Perguntas frequentes sobre restomod

Restomod desvaloriza o carro?
Não necessariamente. Embora deixe de ser original, um restomod bem feito pode valorizar ainda mais, principalmente entre entusiastas que buscam exclusividade.
É legal modificar carros assim no Brasil?
Sim, mas com registro no Detran e regularização das modificações. Algumas alterações exigem laudo de engenharia.
Posso fazer um restomod em casa?
É possível, mas exige conhecimento técnico, ferramentas específicas e muito planejamento. Muitos preferem contar com oficinas especializadas.