A história da Chrysler no Brasil começa oficialmente em 1966, quando a multinacional americana decidiu instalar-se no país como parte de seu plano de expansão internacional. Naquele período, o mercado brasileiro ainda era pequeno — cerca de 200 mil veículos por ano —, mas apresentava enorme potencial de crescimento.

A Chrysler já controlava a Simca francesa, que por sua vez era acionista majoritária da Simca do Brasil. Com isso, a marca encontrou um caminho natural para entrar de vez no mercado nacional, enfrentando concorrentes já estabelecidos como Ford e General Motors, que atuavam no país desde a década de 1920.
O cenário da indústria automotiva nos anos 1960

Os anos 60 foram marcados por grande efervescência no setor automotivo brasileiro. Marcas como Volkswagen, Willys-Overland, DKW Vemag e Puma disputavam espaço em um mercado em expansão. A entrada da Chrysler simbolizava o início de uma nova fase — a chegada de mais uma gigante americana ao Brasil.
A aquisição da Simca do Brasil e o início da expansão
Em 1967, a Chrysler incorporou oficialmente a Simca do Brasil, assumindo o controle da Sociedade Anônima Industrial de Motores, Caminhões e Automóveis. Curiosamente, as instalações utilizadas pela Simca eram as mesmas da antiga Brasmotor, empresa que já havia montado veículos das marcas Chrysler, Dodge e Plymouth nas décadas de 40 e 50.

Com a fusão, os modelos Esplanada e Regente continuaram em produção, mas com melhorias mecânicas e estéticas. Pouco tempo depois, em 1968, surgia o Esplanada GTX, versão esportiva que antecipou a tendência das faixas adesivas, muito populares nos carros das décadas seguintes.
A produção nacional e os primeiros modelos Chrysler no país
Além de automóveis, a Chrysler expandiu sua operação para caminhões e picapes. Em Santo André (SP), nas antigas instalações da International Harvester, a marca passou a fundir e montar motores V8, símbolo de potência e robustez da engenharia americana.
O nascimento do Dodge Dart — o ícone da Chrysler no Brasil
O grande marco da montadora veio em 1969, com o lançamento do Dodge Dart. Equipado com motor V8 de 318 polegadas cúbicas (5.2L) e potência entre 198 e 215 cavalos, o sedã conquistou os brasileiros pela combinação de desempenho e design arrojado.

Nos anos seguintes, surgiram versões icônicas como o Dart SE, Le Baron, Magnum e o lendário Dodge Charger, modelo esportivo que se tornaria símbolo da marca no Brasil.
A crise do petróleo e o impacto na operação da marca
A crise do petróleo de 1973 afetou diretamente a Chrysler. Seus veículos, conhecidos pelos motores potentes e consumo elevado, precisaram ser adaptados à nova realidade. O resultado foi o lançamento do Dodge Polara, modelo de quatro cilindros com desempenho equilibrado e consumo mais eficiente — uma tentativa de competir com o Chevrolet Chevette e o Volkswagen Fusca.
A era Volkswagen e o encerramento das atividades da Chrysler no Brasil
Em 1979, a Volkswagen do Brasil adquiriu 67% das ações da Chrysler, aproveitando o momento em que a matriz americana passava por dificuldades financeiras sob a reestruturação de Lee Iacocca.

A produção de automóveis Chrysler continuou brevemente sob gestão da VW, mas foi gradualmente encerrada até 1981, marcando o fim de uma era. As antigas fábricas de São Bernardo do Campo e Santo André continuaram produzindo caminhões Volkswagen até a década de 1990.
Curiosidades e legado da Chrysler na indústria brasileira
- O GTX brasileiro inspirou-se em um muscle car americano da divisão Plymouth.
- O Dodge Dart é até hoje lembrado como um dos carros mais potentes já produzidos no Brasil.
- A Brasmotor, parceira da Chrysler nos anos 50, se transformou na Brastemp, famosa por seus eletrodomésticos.
- Mesmo após o encerramento da operação, os modelos Dodge seguem cultuados por colecionadores e clubes de automóveis clássicos.
Chrysler hoje: o renascimento sob o grupo Stellantis
Desde 2009, a Chrysler integra o grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) — hoje parte da Stellantis, que também reúne marcas como Fiat, Jeep e Peugeot.
Rumores apontam que a marca pode retornar ao Brasil, trazendo de volta nomes lendários como Dodge Dart em versões modernas, agora sob tecnologia e gestão do grupo Stellantis.
Perguntas Frequentes sobre a Chrysler no Brasil – FAQS
1. Quando a Chrysler chegou ao Brasil?
A Chrysler iniciou suas operações no Brasil em 1966, após adquirir a Simca do Brasil.
2. Qual foi o primeiro carro da Chrysler fabricado no Brasil?
O Dodge Dart, lançado em 1969, foi o primeiro grande sucesso nacional da montadora.
3. Por que a Chrysler saiu do Brasil?
A marca encerrou suas atividades em 1981 após ser adquirida pela Volkswagen e enfrentar a crise do petróleo.
4. A Chrysler ainda existe hoje?
Sim, a Chrysler faz parte do grupo Stellantis e segue produzindo automóveis nos Estados Unidos e outros mercados.