Falar sobre os modelos Opala é revisitar um dos capítulos mais importantes da indústria automotiva nacional. Lançado em 1968, o Chevrolet Opala foi o primeiro carro de passeio da General Motors do Brasil e rapidamente se tornou um fenômeno.
Com design inspirado no Opel Rekord alemão e no Chevrolet Impala americano, o Opala conquistou diferentes públicos: foi carro de família, viatura policial, esportivo das pistas e, mais tarde, objeto de coleção.
Conheça a história e detalhes das versões mais marcantes do Opala, seus diferenciais e o legado que o mantém vivo até hoje.
A Origem do Chevrolet Opala e seus Modelos
O desenvolvimento do Opala, chamado internamente de Projeto 676, surgiu como resposta aos lançamentos do Ford Galaxie e do Dodge Dart no Brasil. Para acelerar a produção, a GM adaptou a carroceria do Opel Rekord Série C e misturou elementos do Impala.

Essa fusão rendeu até o nome: Opala é a junção de “Opel” e “Impala”. A estreia oficial aconteceu no Salão do Automóvel de São Paulo de 1968, marcando o início de uma trajetória lendária.
Primeiras Versões e Adaptações dos Modelos Opala
Opala Standard / Especial – O Primeiro Passo da Linha
Com o lançamento do Opala em novembro de 1968, a GM apresentou a versão Standard, considerada a mais básica da linha. Simples e robusta, atendia ao público que buscava um carro confiável, sem grandes luxos.
Em 1971, o nome foi alterado para Especial, mantendo a proposta de um modelo de entrada, mas com algumas melhorias em relação ao acabamento. Era oferecida tanto em sedan quanto em coupé, com motorizações de 4 ou 6 cilindros.

O Standard/Especial tinha como características principais:
- Acabamento interno simples, sem muitos cromados
- Menor oferta de opcionais
- Foco em custo-benefício e manutenção mais acessível
Foi uma das versões mais vendidas do Opala, justamente por atender famílias que buscavam praticidade e durabilidade, tornando-se a “porta de entrada” para a linha.
Opala Luxo – O Intermediário Sofisticado
A versão Luxo se posicionava acima da Standard/Especial e foi lançada também em 1968. Mais cara e refinada, era voltada ao público que queria um carro com toque de sofisticação, mas ainda acessível dentro da linha Opala.

Entre os diferenciais do Opala Luxo, estavam:
- Cromados externos, que davam maior elegância ao design
- Acabamento interno superior, com materiais mais confortáveis
- Opcionais como freios a disco, teto de vinil e motor 3800
- Possibilidade de configuração sedan ou coupé
O sucesso do Luxo foi tanto que, quando a Gran Luxo surgiu em 1971 como versão topo de linha, o Luxo acabou reposicionado como modelo intermediário, mantendo boa aceitação no mercado.
Assim, o Opala Luxo representava o equilíbrio: não tão básico quanto o Standard/Especial, mas também mais acessível que os modelos mais sofisticados, como Gran Luxo e, mais tarde, o Diplomata.
Modelos Opala que Marcaram Época
Opala Gran Luxo – O Primeiro Topo de Linha
Lançada em 1971, a Gran Luxo surgiu como a versão mais sofisticada da linha, posicionada acima do Opala Luxo. Disponível tanto em coupé quanto em sedan, ela oferecia um acabamento refinado, com mais conforto e requinte para os ocupantes.

No quesito motorização, o comprador podia escolher entre:
- 4 cilindros 2500
- 6 cilindros 3800, substituído logo depois pelo 4100, motor que até então era exclusivo da versão esportiva SS.
Outro diferencial marcante era o câmbio no assoalho, que dava um ar mais esportivo ao modelo, mesmo sendo voltado ao público de luxo.
A Gran Luxo consolidou a ideia de que o Opala poderia atender tanto ao mercado de performance quanto ao de conforto e status, preparando o caminho para a chegada do Diplomata anos mais tarde.
Opala SS – O Esportivo Lendário
O Opala SS foi lançado em 1971, inicialmente em carroceria de quatro portas — algo inusitado para um esportivo. No ano seguinte, a versão duas portas dominou a linha e se tornou a favorita entre os fãs.

O nome SS significa Super Sport, mas lendas urbanas afirmam que poderia ser Separated Seats ou Super Star, devido aos bancos individuais. A Chevrolet nunca confirmou, o que só aumentou o misticismo.
Em 1975, o SS recebeu o motor 250-S, rivalizando com o Ford Maverick GT e o Dodge Charger R/T, e consolidando sua fama nas ruas e nas pistas.
Opala Caravan – A Versatilidade em Forma de Perua
A Caravan chegou em 1975, com a reestilização da linha Opala. Versátil e espaçosa, conquistou famílias e também foi utilizada como ambulância em diversas cidades brasileiras.
Disponível nas versões Standard, Luxo, Comodoro e até SS, a Caravan só ganhou sua versão mais luxuosa, a Diplomata, em 1985.
Opala Comodoro – O Luxo com Toque de Exclusividade
A versão Comodoro foi lançada em 1975, junto com a reestilização da linha e a estreia da Caravan. Ela entrou no lugar da Gran Luxo, trazendo ainda mais sofisticação ao portfólio do Opala.
O Comodoro se destacava pelos detalhes de acabamento e estilo:
- Interior com apliques de jacarandá no painel
- Meio teto de vinil Las Vegas, exclusivo para o modelo coupé
- Um discreto filete pintado na linha de cintura da carroceria
Em 1980, com a chegada do Diplomata como novo topo de linha, o Comodoro passou a ocupar a posição intermediária entre o Luxo e o Diplomata. No entanto, para a Caravan, ele permaneceu como versão de luxo até 1986, quando finalmente surgiu a Caravan Diplomata.

Na linha de 1988, o modelo foi rebatizado para Comodoro SL/E, modernizando seu posicionamento. Algumas edições especiais — sem documentação oficial — traziam diferenciais como teto vinílico, rodas esportivas de magnésio e até teto solar, itens considerados luxuosos para a época.
Além disso, existe uma rara versão experimental do Opala Comodoro caminhonete, inspirada no Chevrolet El Camino americano, da qual pouquíssimos exemplares foram produzidos. Essa variação é até hoje tema de debates entre colecionadores e especialistas em carros antigos, aumentando o misticismo em torno da versão.
Opala Diplomata – O Luxo sobre Rodas
O Diplomata foi lançado em 1980 como a versão mais sofisticada do Opala. Seu design mais retilíneo refletia o estilo dos anos 80, e o interior trazia requintes inéditos:
- Vidros, travas e retrovisores elétricos
- Direção ajustável
- Ar-condicionado com saída para o banco traseiro

Em 1988, recebeu faróis trapezoidais e melhorias no acabamento interno, consolidando-se como símbolo de status e conforto.
O Fim da Produção e os Mitos do Último Modelo Opala
A produção do Opala foi encerrada em 16 de abril de 1992, com a impressionante marca de um milhão de unidades fabricadas.
Para celebrar, a GM lançou a edição limitada Diplomata Collectors, com apenas 100 exemplares. Porém, muitos acreditaram que esses seriam os últimos a sair da linha — um mito, já que os chassis foram produzidos de forma intercalada.
Até hoje, colecionadores disputam exemplares raros, incluindo a última Caravan e o último Collectors, ambos pertencentes a Alexandre G. Badolato, um dos maiores entusiastas do modelo.
O Opala Além das Ruas
Alguns Modelos Opala, um tanto curiosos, também brilharam no esporte e na cultura popular.

- Nas pistas: foi protagonista da Stock Car Brasil, conquistando vitórias históricas. Em 1970, Bird Clemente alcançou 225 km/h com um Opala quatro portas. Já em 1991, Fábio Sotto Mayor superou os 303 km/h com um modelo duas portas.
- Na cultura: o Opala apareceu em novelas, músicas e filmes, tornando-se um verdadeiro ícone da memória coletiva brasileira.
Eventos como o Opalapa, realizado no Paraná, seguem reunindo fãs e centenas de exemplares até hoje.
Perguntas Frequentes sobre Modelos Opala
Quando foi lançado o primeiro Opala?
Em novembro de 1968, durante o Salão do Automóvel de São Paulo.
O que significa a sigla SS do Opala?
Oficialmente, Super Sport. Mas existem lendas que associam a Separated Seats ou Super Star.
Quantas unidades do Opala foram produzidas?
Mais de 1 milhão entre 1968 e 1992.
Qual a diferença entre a 1ª e a 2ª geração do Opala?
A primeira (1968–1980) tinha linhas arredondadas; a segunda (1980–1992) adotou design mais quadrado, típico dos anos 80.
O Legado dos Modelos Opala
Mais do que um carro, o Opala é um símbolo cultural. Cada versão — do esportivo SS ao luxuoso Diplomata, passando pela versátil Caravan — marcou época e conquistou gerações.
Mesmo décadas após o fim da produção, o “Opalão” continua vivo na memória dos brasileiros, seja nas ruas, nos encontros de colecionadores ou na história da própria indústria automotiva.