Na história dos carros brasileiros, é claro que o Fissore, um dos sedãs mais cobiçados até hoje, não poderia faltar. Inclusive, há quem ainda considere esse veículo da Vemag um dos mais bonitos fabricados por aqui.
Visto como um modelo de extrema elegância, ele chamava a atenção nas concessionárias e nas ruas: sem dúvida, dirigir qualquer Fissore era um sinônimo de status e de bom gosto.
As primeiras unidades desse carro da Vemag foram desenvolvidas por aqui entre os anos de 1964 e 1967, período de intensa turbulência política, que trazia seus reflexos na parte econômica também.
No entanto, os brasileiros tiveram seu primeiro contato com o Fissore dois anos antes. Sendo assim, por que a montadora já não começou a produção do carro, já que todo mundo ficou apaixonado por ele?
É simples: o Fissore, como todos os especialistas podem atestar, é um veículo de muitos detalhes. Sendo assim, não era possível usar qualquer linha de produção: a montadora teve de fazer mudanças na forma como ela funcionava.
Lubrificação “automática” era um dos seus diferenciais
Quando se fala do sucesso do Fissore, não dá para creditar isso apenas à sua aparência, embora a sua elegância seja uma das maiores em toda a indústria automotiva.
Na realidade, o fato de ele ter um sistema que fazia a lubrificação automática do veículo era algo que o diferenciava e que, para a década de 60, era considerado bastante moderno.
Funcionava da seguinte forma: havia um tanque no qual o óleo ficava e que tinha capacidade para mais de três litros.
Conforme o veículo era usado, um sistema chamado de Lubrimat ia liberando uma quantidade de óleo para o motor e ele era “misturado” ao combustível presente no tanque.
Dessa forma, tinha-se acabado o trabalho dos seus usuários de ficar colocando óleo por conta própria no seu Fissore. Inclusive, esse sistema Lubrimat deu tão certo que foi utilizado em outros modelos de veículos.
Mais uma razão para que o Lubrimat fosse considerado um sucesso é que o veículo podia chegar a 1.000 km com uma quantidade razoável de óleo: bastava 1 litro.
De qualquer forma, o que mais pesou com relação a essa lubrificação automática era a comodidade de quem usava o veículo.
As janelas de design mais espaçoso faziam o carro muito mais bonito
Normalmente, quando as pessoas olham para a janela de um carro, elas não veem apenas o vidro, mas sim uma espécie de contorno com a lataria.
No caso desse veículo da Vemag, que adotou tanto a mecânica quanto os chassis da DKW, era diferente: pode-se dizer que ele foi um dos precursores do conceito de borda infinita porque em sua janela havia apenas vidro.
Inclusive, a impressão que se tinha era de que as janelas das laterais se fundiam às janelas da frente do Fissore, fazendo com que a sua parte superior fosse praticamente toda envidraçada.
Do ponto de vista do design, é claro que isso fazia com que o veículo sedã ficasse ainda mais valorizado e mais bonito.
Camiseta Built for Speed
R$ 135,90 -33% OFF
R$ 89,90
No entanto, também havia alguns pontos negativos, como o fato de que isso fez com que o Fissore se tornasse um modelo pesado de carro, ultrapassando os 1.100 kg.
Até mesmo o seu valor mais alto era atribuído, dentre outras coisas, à grande quantidade de vidro que era usada na fabricação do modelo da Vemag.
Ainda que houvesse esses pontos de crítica, a verdade é que a parte superior envidraçada era diferente de tudo o que outros veículos já tinham apresentado e, por isso, as pessoas não pensaram duas vezes em começar a procurar pelo Fissore nas concessionárias.
Teorias da conspiração a respeito da sua potência
Como todo carro que é muito comentado e vendido, é lógico que o Fissore também foi alvo de teorias da conspiração e elas, na verdade, eram uma espécie de acusação à DWK.
Para entender melhor essa história, é preciso começar dizendo que o peso do Fissore, como foi citado anteriormente, não agradava muito aos consumidores e, claro, dificultava todo o processo logístico da montadora.
Sendo assim, uma das suas providências foi usar um modelo diferente de motor, que prometia aos usuários 60 cavalos de potência, ou seja, ele seria bem mais rápido do que o motor original e essa “linha secundária” de veículos foi chamada de S.
Muitas pessoas começaram a comprar o Fissore S porque cobiçavam um carro que fosse mais veloz, com boa resposta quando ocorria o acionamento do motor, mas foi justamente aí que a DWK começou a ser acusada de agir de má fé.
Por diversas vezes, foi garantido na imprensa que esses motores não iam chegar a 60 cavalos, mesmo que fossem novos. Essa seria a primeira propaganda enganosa.
A segunda seria a de que o Fissore S nunca teria usado qualquer motor especial: quando eram feitos seus testes de qualidade, alguns motores tinham resultado melhor e esses, que eram 100% idênticos aos usados na linha “comum”, eram instalados no S.
Fissore com 4 portas ficou apenas no protótipo
Assim como aconteceu com a maior parte dos veículos que foram elaborados naquela época, o Fissore também foi tirado de linha depois de a Volkwagen comprar a Vemag, o que ocorreu em 1967.
Inicialmente, devido à grande saída do Fissore, a empresa alemã tentou assegurar aos consumidores que eles poderiam continuar comprando o seu sedã sem nenhuma alteração, mas ficou claro, com o passar do tempo, que a Volkswagen tinha intenção de substituí-lo.
Na realidade, foi isso que aconteceu em 1968 e quem entrou no seu lugar foi ninguém menos que um Fusca!
Antes de a Volkswagen comprar a Vemag, a ideia inicial dos seus executivos era que uma versão de quatro portas desse sedã fosse criada, oferecendo mais modernidade e mais conforto.
Outra curiosidade interessante é que o Fissore de 4 portas teria sido criado logo no início, junto com o de 2 portas, mas ele ficou “guardado” para o futuro.
Pilote o Opala seus Sonhos!
Compre o seu e-book e concorra!